Era um dia em que o Convento estava com muita gente, vários jovens, crianças, todos envolvidos com jogos de futebol que a casa estava realizando. Ouviam-se gritos por todos os lados e, como não era de costume, as crianças entravam em sala por sala para observar aquele mundo estranho e distante que eles haviam contemplado passando apenas na calçada durante os horários de entrada e saída do colégio.
Da portaria, tinha-se acesso a uma sala de jornais, de onde se abriam dois corredores: um que conduzia para refeitório e cozinha e outro para quartos de hóspedes, sala de TV e dois banheiros: um masculino e outro feminino (este último quase nunca usado). Desta mesma sala, tinha-se acesso a um jardim interno de frente para o enorme campo, o qual eu mesmo – que nunca joguei na vida – havia podado a grama para receber os jogadores.
Como de praxe, combinei com meu amigo de vir nos visitar, aproveitando o ensejo da casa lotada para que ninguém percebesse minha real intenção. Ficamos por ali na entrada conversando, depois fomos para a sala de TV, passamos por quase todos os canais da CABO, mas apenas conversávamos.
Eu, de longe, em uma poltrona, corria meus olhos por cada parte daquele pedaço de mal caminho ali, à minha frente: lábios carnudos, olhos vibrantes, o cabelo impecavelmente penteado – como o de um bom ex-evangélico, cada gota de suor que lhe escorria sobre o rosto, braços fortes e pernas grossas, enchendo-me a boca d’água imaginando-o inteiramente ali só pra mim. A conversa foi findando e quando me vi, já tinha feito a loucura. Em meio aos gritos do campo de “joga a bola”, queria fazer um jogo diferente, com duas bolas e um atacante apenas que soubesse direitinho o ponto certo para o gol. Convidei-o para que se levantasse, saímos para o corredor, dei uma olhada para um lado e para outro, abri a porta do banheiro, ele arregalou os olhos e eu disse que não havia problemas. Tranquei a porta e fui logo saciando a minha sede indo direto ao pote, se é que me faço entender. Beijei-o fortemente, apertei aqueles lábios carnudos, desci à altura de sua virilha e fui colocando toda aquela raridade em minha boca. Depois de bem molhado, com as calças no meio das pernas, abri-me para tê-lo todinho dentro de mim. Foram movimentos rápidos, cheios de força, virilidade, medo, ansiedade, desejo, todos esses sentimentos reduzidos em dois corpos que ocupavam pouco mais de dois metros quadrados. Num vai e vem frenético, o gozo, juntos, delirante, emocionante.
Agora, abrir a porta e certificar-se de que ninguém estava por perto era o desafio. Saí primeiro, fui para a sala de TV e em seguida ele apareceu: “Você é louco”, disse-me. Conversamos, ficamos ali um pouco e já era hora dele ir. Ninguém percebeu nada, ninguém viu nada. Ficou na memória a cena e o sentimento de entrega sem limites, sem travas, além do espaço e tempo. Momentos que fazem história e que, num banheiro de convento, eternizam as lembranças que revividas e contadas trazem à tona, na mesma intensidade, o desejo e o sentimento de satisfação. Loucuras de amores, loucuras de amantes...
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